Se você faz Biomedicina, vai ouvir, já ouviu ou até trabalha com a linhagem de células denominada HeLa. As células HeLa são as primeiras células imortais humanas desenvolvidas em laboratório, sua utilização a partir da década de 50 (época em que as células foram extraídas) tem sido muito variada, desde a criação da vacina contra poliomelite até o desenvolvimento de medicamentos contra o câncer. O que poucos sabem é que essas células foram provenientes de uma mulher norte-americana negra e humilde que morreu cedo de um câncer no útero extremamente agressivo (o mesmo câncer do qual foi extraída a primeira amostra de células HeLa). O livro “A vida imortal de Henrietta Lacks” de Rebecca Skloot conta a história da mulher por trás das células e aborda temas polêmicos na ciência como a pesquisa em seres humanos e o direito sobre as patentes. O livro começa contando sobre o diagnóstico e falecimento de Henrietta e de como suas células foram extraídas e cultivadas no laboratório do Dr. Gey (um dos pioneiros no campo de cultura de células). Após sua morte as células HeLa (que receberam esse nome devido as iniciais da paciente) adquiriram grande importância no meio científico e foram criadas empresas para a produção em massa dessas células devido à enorme demanda. Os lucros gerados a partir de pesquisas com as células HeLa são incalculáveis, no entanto a família Lacks encontra-se na mesma condição social de sua componente mais notória e não possui dinheiro nem mesmo para pagar um plano de saúde, algo tragicamente irônico para os herdeiros de uma das mulheres que mais contribuiu para a saúde através de suas células. A autora do livro faz questão de expor essa realidade em suas páginas inclusive tornando cada membro da família um personagem fascinante da história. Rebecca combinou com maestria ciência, romance e jornalismo no livro que foi considerado um dos melhores do ano de 2010 e é leitura obrigatória para qualquer Biomédico.
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